quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cai em pé e Corre deitado

A chuva é o melhor dos confortos. Pode ser fraca ou forte, fina ou temporal, mas sempre cai pra todo mundo. Só na chuva eu me sinto igual, nem melhor, nem pior, que ninguém. Independente dos problemas, das bênçãos... Independente de quem você é, é impossível não se molhar. O rosto, os óculos, o cabelo, a barra da calça, tudo fica mais natural quando chove. Pensar que todos estão se molhando, que eu não sou o único e, pela primeira vez, ter certeza disso, é mágico. Os pensamentos somem, a dor nos ombros, as frustrações. No instante em que os primeiros pingos - gelados, puros - tocam a face e vão discretos se esconder por sob as roupas, tudo some. O narrador insistente dentro de mim perde a voz. Eu simplesmente sou. Estou. Eu sou mais eu quando não sou mais nada. A reconfortante sensação de estar só por dentro, mas se sentir mais que nunca ligado a todos por aquela mesma chuva que cai nos distantes, nos esquecidos e nos que esqueceram. A perspectiva de olhar para o alto e ver a chuva caindo, vindo em minha direção, me encanta. Uma folga de ter que ser sempre o que corre atrás de tudo, dos sonhos, das ambições...

O céu é um turvo de sentimentos e percepções e, só dessa vez, eu não quero saber o que se esconde atrás.

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