quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sopro

Seus lábios vivos, bem delineados, vão balbuciando as palavras para ninguém mais ouvir. Eternizam-se todas no silêncio do assobio do vento mudo e vão sendo levadas ao longe, aos becos e recantos das instáveis e inquietas memórias minhas. Sem rumo certo ou lugar de parada, indo só com o sopro do vento. Escrevendo a minha história de nada além do seu sussurro por entre dentes. Teus dentes... Trincados, distantes, agoniantes, trancados para mim.
Tecendo minha vida no estalar da língua, ritmo dos meus passos, embalo da minha dança.
Tuas palavras ao vento mudas vão passando por mim. Me beijando a pele e afagando os cabelos. Fazendo-me bela, me reaconchegando, até o fim do inverno...

Ou até quando a minha imaginação sustentar.

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